Palavras alheias I: Angela Carter


If women allow themselves to be consoled for their culturally determined lack of access to the modes of intellectual debate by the invocation of hypothetical great goddesses, they are simply flattering themselves into submission (a technique often used on them by men). All the mythic versions of women, from the myth of the redeeming purity of the virgin to that of the healing, reconciling mother, are consolatory nonsenses; and consolatory nonsense seems to me a fair definition of myth, anyway. Mother goddesses are just as silly a notion as father gods. If a revival of the myths of these cults gives woman emotional satisfaction, it does so at the price of obscuring the real conditions of life. This is why they were invented in the first place.

Angela Carter, The Sadeian Woman (1979)

2 comments:

Alba said...

Pois...O raciocínio da A.C. é eficaz.
Friamente prático.

Se desvalorizamos deuses, heróis e outras figuras mitológicas masculinas faz sentido, numa perspectiva "igualitária", encontrar encanto numa Demeter desgrenhada arrastando-se para recuperar Persephone que, como julgamos saber, era uma rapariga propensa a condutas "escorpiónicas"?
A Afrodites descaradamente sedutoras e a Marias tão aparentemente submissas?

Se desdenhamos os arquétipos masculinos para quê perdermos tempo dissecando a alma das representações de Lilith ou de Ísis?
E O Código da Vinci ?
Os seus antepassados começavam já a assomar, em amálgama com a espessura de Castañeda e perturbantes descrições de visitas de alienígenas...
E passados mais de 20 anos temos a polémica que conhecemos!

Eu não me sinto nada oprimida pelos "gender sudies" nem pela reabilitação de formas de expressão de conhecimento/ religiosidade que enalteçam traços usualmente tidos como femininos.

Simpatizo com a carta da Imperatriz e a da Papisa do Tarot.
Enterneci-me com as Brumas de Avalon , sorrio com carinho com a ingenuidade de alguns rituais wicca.
Que seria de nós sem histórias, sem o contra-factual?

A fé?
Isso é outra coisa.
E, ou muito me engano, ou não era disso que a A.C falava - ela que tão bem sabe contar "estórias"...

Anonymous said...

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