Miami vices

A comunidade cubana exilada em Miami - vítima da terrível, sanguinária, criminosa, indescritível ditadura do monstruoso ditador “Fidel, O Castro”, famoso por castrar criancinhas ao pequeno almoço - prepara as suas aguçadas facas de amor, e outras armas não menos vivificantes e salvíficas, para com elas invadir, perdão, regressar à ilha encantada, actualmente destroçada, destruída, incendiada e maltratada por esse terrível grupúsculo criminoso e terrorista que vem a ser, como é sabido, o Partido Comunista Cubano. Há alegria nos lábios, esperança nos olhos, vigor nas mãos, dos pobres e miseráveis deserdados da sua ilha de sonho, condenados a viver na mui distante e infradesenvolvida Miami, tudo porque o cabrão de um barbudo, e mais o outro da bóina, e não sei quem mais, decidiram acabar com a luminosa ditadura, passe a expressão pouco adequada a tão glorioso regime, do nunca por demais louvado rei "Fulgêncio, O Baptista", famoso por baptizar criancinhas ao pequeno almoço. Alegria, esperança e vigor que foram acesos graças ao internamento do velho senhor que vai ser operado, ao que parece, certamente recorrendo aos serviços dos médicos e dos serviços de saúde do glorioso Reino Unido da América do Norte, que em Cuba, como é sabido, nada disso existe; nem médicos, nem hospitais, nem centros de saúde, nem nada que não seja fome e miséria e ditadura e sangue e morte. A alegria é tão difusa, a esperança tão presente e o vigor tão vivo que até as crianças, que delas é - ou devia ser, ou alguém disse que era, talvez sem saber bem o que dizia, ou dizendo mais o que desejava do que o que era, fora ou seria - o reino dos céus, que o da terra, esse, parece não poder mesmo ser, mas essas crianças, nas quais já brilha a alegria, já cintila a esperança e já emerge o vigor, sempre vão dizendo dessa alegria, dessa esperança e desse vigor, como uma que agora fala, em directo de Miami, pobre coitada que não pôde crescer na ilha da alegria e teve que crescer na terra do Rei Ignorush, diz a criança, sorriso nos lábios, acompanhada por sua mãe, que sorri como ela, mas parece temer que o miúdo ponha a pata na poça, como se usa dizer, e deite por terra os nossos maravilhosos planos, diz a criança que a mãe, afinal, não quer bem voltar a Cuba - a não ser talvez, mas este acrescento é nosso, dele não é responsável a inocente criança, a não ser talvez quando todas as coisas se tiverem completado e Cuba mais não seja, nem possa ser, nem queira ser do que uma magnífica e esplendorosa colónia de férias do Império Roméricano. – Mas enquanto esse dia não chega, o seu objectivo não é voltar a Cuba, esclarece a criança, mas o de abrir por lá, quando houver finalmente liberdade, e cada um puder tratar dos seus negócios, e seguir o seu natural interesse próprio, e expressar as suas ideias, e vender as suas coisas, e etc e tal e mais não sei o quê, nesse dia primeiro, em que Cuba caminhará finalmente para a liberdade e a democracia e o mercado e essas coisas todas, nesse dia a minha mamã não voltará a Cuba, mas gostava muito de abrir por lá um restaurante McDonalds. Amén!

1 comment:

Rita said...

Amén!

Obrigada pelos textos.

Fiquei muito elucidada e até já percebo o que descreves neste texto! ;)