Trair

Não há nada mais perigoso do que uma pessoa que não cresceu. A inocência que não se perdeu alimenta a crueldade. As pessoas que não crescem não sabem que não crescem. Toda a sua vida é uma tentativa de esconderem de si próprias essa verdade. Enganam-se a si próprias enganando os outros. E fingem nesse engano uma maturidade que não têm. Preferem o poder ao amor. Submeter os outros ajuda-as a esquecer a sua trágica submissão. Temem a liberdade alheia. Nada os assusta mais do que uma pessoa livre. Escusado será dizer que quando aqui falo de crescimento falo de crescimento interior. Claro que a interioridade se reflecte sempre naquilo a que chamamos a vida exterior. Mas as pessoas que não cresceram investem fora de si tudo o que não têm dentro de si. Precisam de gritar ao mundo que são o que não são. Vivem de aparências e de falsas verdades. O artifício de que vivem é a sua própria morte. Perderam a alma mas não se importam. O que os assustaria verdadeiramente era ter uma. Fogem de si próprios e nessa fuga violenta atropelam os outros. O sofrimento alheio compensa-os. São actores mórbidos da sua própria ruina interior. E vivem matando a vida que perderam.

2 comments:

Rita said...
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Rita said...

Amigo, tudo certo; resta apenas saber porque é que há pessoas que não crescem...

Fizeram-lhes uma lobotomia? Têm um cromossoma a menos? Nasceram no dia errado?

E quem foi que ao longo de toda uma vida lhes alimentou essa forma de estar? Porque, e não me parece provável, dadas as características de personalidade, ou estiveram sempre sozinhas, ou alguém andou com elas.

Bom, se calhar, estiveram sempre sozinhas, ainda que acompanhadas...

Triste destino esse, o do medo a tomar conta da nossa vida ao invés do amor.

E como acredito que o amor é um poderoso elixir, então que tamanho tem esse medo? Deve ser ENORME!

Olhemos, pois, também com amor para essas pessoas; julgo que devem precisar...

Beijo. :)

Chamoca