Não estou a apagar. O blog é que se está a comer a si próprio. Está em processo de autofagia. É um blog autofágico. Mas os posts continuam guardados na despensa.
Não me creiam louca, precipitadamente. Antes de tal juízo formularem, leiam atentamente os dados que fui coligindo e analisando minuciosamente.
Era uma vez um blog que começou a auto-devorar-se. Bem devagar, sem rumores nem tambores.
O autor, uma espécie de Pigmalião, tão contemplativo e perfeccionista como o mito/arquétipo era um tipo estranho... Apaixonara-se por uma floresta fértil em reflexões humanísticas. O autor desejava-a deslumbrante e dela tratou com muito zelo, tanto zelo que a floresta se tornou um Éden de beleza improvável. Convocou Marx, Arthur Miller, pensadores relativistas e músicos que nos falavam de diamantes loucos e do tempo. Sim, do tempo. De “nós e eles”. Pela floresta passeou Marilyn Monroe, bela e triste como nenhuma outra. A floresta vicejava. O autor teve a desfaçatez de contar-nos algumas das cousas que mais amava. A Beleza, exemplos magníficos de Beleza... Como a floresta. Cousas que nós amamos e desconhecemos as palavras certas para dizer.
Não me julguem louca, mas estas coisas, por vezes têm preço.
Um dia, o autor apresentou-nos um irmãozinho da floresta: Um quadro negro inspirado por Alice. Uma Alice que partira. Uma Alice cuja sorriso deixara uma sombra, para sempre, no seu sobretudo cinzento (ele queria que nós pensássemos que o sobretudo era cinzento). Muitos de nós estimámos ternamente Alice. Quisemos protegê-la. Outros... não me tomem por louca, mas acredito que alguns passaram a vibrar mais com Alice do que com o resto dos escritos do autor. Ou melhor, passaram a preferir Alice ao autor.
E se calhar era esse o grande sonho narcísico do autor!
O autor destruiu a floresta prometendo-nos algo bem verde, "O livro da Esperança", não era? Não sei contar-vos tudo sobre este caso. Creio que o autor nunca se adaptou ao cenário e pulava endiabradamente para o quadro negro. Acabou por destruir o livro verde. Acabou por destruir Alice, quase ao mesmo tempo.
Nós esperneámos e sugiram mais algumas crias. Ele abandonou-as sem compaixão e, no entanto, todas eram inocentes e luminosas. Mas ele não se satisfazia facilmente. Ele queria mais, queria diferente. Sacrificou as crias!
Agora temos este novo quadro negro. Vai mirrando lentamente, vocês já repararam....
E o autor confessou-nos que nada apaga, que o blog se auto-devora.
Não me chamem louca, mas isto não vos traz velhas evocações? Rafael e a sua “Peau de Chagrin”? Existem pactos, pois! O autor é um moralista, são os moralistas que mais facilmente celebram estes acordos puritanos. Porra, é uma hipótese, ou não?
(Vale-nos o facto de que os manuscritos não ardem e eu, na minha profissão de fé para com o autor, helàs, acredito que o amor de Alice, de Margarida, de Pauline, ou de qualquer de vós poderá quebrar o anátema da “Peau de Chagrin” deste escritor romântico pós-moderno que conhecemos por jcpt.) Não, não digam isso, não sou doida!
7 comments:
Olá, jctp!
Tenho saudades, já te tinha dito?
E Olá!, já te tinha dito? ;)
Estás um bocado lacónico...
Falo eu, ok? Como sabes, detesto o silêncio.
Entrei hoje de férias e espero rodear-me de verde dentro em breve.
Antes: limpar, limpar, limpar! As obras da minha casa terminaram finalmente!
...
A minha vida está uma grande, grande confusão. Um dia talvez tenha oportunidade de te explicar.
Está visto que estou quase a inaugurar um blog de nome Diário Íntimo.
Ainda podia apagar esta merda, mas é mesmo isto que te quero dizer.
Fica bem!
Achas que assim quebrei o silêncio?
a primeira e mais festiva das palavras. se fosse homem das obras seria esse o meu piropo favorito "oláaaa!!!!??!!!" diria eu
Olá!
Estás a apagar textos outra vez?
Sabes onde fica a paragem do 45? ;)
Estás zangado, seguramente.
Não é lá muito fácil perceber-te.
Agradam-me os mistérios.Ficou-me de criança: agora vamos brincar a quê?
Suponho que as razões que te levaram a fazer isto não são de brincar e que se prendem com outros acontecimentos passados na blogosfera.
Mas é só uma suposição...
...
És muito impulsivo ou pretendes que te leiam dessa forma?
...
Errei em tudo. Ok. Não é fácil comunicar.
Fica bem.
Um beijo!
Não estou a apagar. O blog é que se está a comer a si próprio. Está em processo de autofagia. É um blog autofágico. Mas os posts continuam guardados na despensa.
Toma lá
Obrigada, jctp!
Aches que apanhe no Cais do Sodré e vá até ao Prior Velho ou que faça a viagem ao contrário?
...
Toma lá?
Não me creiam louca, precipitadamente. Antes de tal juízo formularem, leiam atentamente os dados que fui coligindo e analisando minuciosamente.
Era uma vez um blog que começou a auto-devorar-se.
Bem devagar, sem rumores nem tambores.
O autor, uma espécie de Pigmalião, tão contemplativo e perfeccionista como o mito/arquétipo era um tipo estranho...
Apaixonara-se por uma floresta fértil em reflexões humanísticas.
O autor desejava-a deslumbrante e dela tratou com muito zelo, tanto zelo que a floresta se tornou um Éden de beleza improvável. Convocou Marx, Arthur Miller, pensadores relativistas e músicos que nos falavam de diamantes loucos e do tempo. Sim, do tempo. De “nós e eles”. Pela floresta passeou Marilyn Monroe, bela e triste como nenhuma outra.
A floresta vicejava.
O autor teve a desfaçatez de contar-nos algumas das cousas que mais amava. A Beleza, exemplos magníficos de Beleza... Como a floresta. Cousas que nós amamos e desconhecemos as palavras certas para dizer.
Não me julguem louca, mas estas coisas, por vezes têm preço.
Um dia, o autor apresentou-nos um irmãozinho da floresta:
Um quadro negro inspirado por Alice. Uma Alice que partira. Uma Alice cuja sorriso deixara uma sombra, para sempre, no seu sobretudo cinzento (ele queria que nós pensássemos que o sobretudo era cinzento).
Muitos de nós estimámos ternamente Alice. Quisemos protegê-la. Outros... não me tomem por louca, mas acredito que alguns passaram a vibrar mais com Alice do que com o resto dos escritos do autor. Ou melhor, passaram a preferir Alice ao autor.
E se calhar era esse o grande sonho narcísico do autor!
O autor destruiu a floresta prometendo-nos algo bem verde, "O livro da Esperança", não era? Não sei contar-vos tudo sobre este caso. Creio que o autor nunca se adaptou ao cenário e pulava endiabradamente para o quadro negro.
Acabou por destruir o livro verde.
Acabou por destruir Alice, quase ao mesmo tempo.
Nós esperneámos e sugiram mais algumas crias. Ele abandonou-as sem compaixão e, no entanto, todas eram inocentes e luminosas. Mas ele não se satisfazia facilmente. Ele queria mais, queria diferente. Sacrificou as crias!
Agora temos este novo quadro negro. Vai mirrando lentamente, vocês já repararam....
E o autor confessou-nos que nada apaga, que o blog se auto-devora.
Não me chamem louca, mas isto não vos traz velhas evocações?
Rafael e a sua “Peau de Chagrin”?
Existem pactos, pois! O autor é um moralista, são os moralistas que mais facilmente celebram estes acordos puritanos.
Porra, é uma hipótese, ou não?
(Vale-nos o facto de que os manuscritos não ardem e eu, na minha profissão de fé para com o autor, helàs, acredito que o amor de Alice, de Margarida, de Pauline, ou de qualquer de vós poderá quebrar o anátema da “Peau de Chagrin” deste escritor romântico pós-moderno que conhecemos por jcpt.)
Não, não digam isso, não sou doida!
Alba,
(desculpa, jctp, sei que este espaço é teu)
Gostei muito do que li e não te acho doida. Acho que tens é uma tremenda capacidade de análise, para além de escreveres muito bem.
É sem dúvida uma hipótese, nada destituída de sentido. Eu formularia algo diferente, se o conseguisse. :)
Bom, vou continuar a vir aqui... pode ser que se povoarmos este espaço de bonitas árvores e sentimentos o jctp desista do seu pacto.
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