Raça, género e outras ilusões
A diferença na cor da pele é tão irrelevante como o sexo que se tem.
"Ele precisava tanto de escrever
como de apagar o que escrevia"
(Pedro Paixão)
A diferença na cor da pele é tão irrelevante como o sexo que se tem.
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Do que precisamos não é de igualdade de género. É de indiferença de género. O que não impede que a igualdade seja o único caminho para a indiferença. E para a diferença.
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Era ateu porque achava que o Deus que tinha criado esta bodega toda não merecia existir.
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A preocupação exacerbada com questões menores é sinal de subdesenvolvimento.
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Parece que por dia no mundo se acendem milhões de blogs. Seria também interessante saber quantos por dia são apagados.
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Aquilo que não compreendemos não podemos conhecer. Aquilo que não tentamos compreender não conseguimos conhecer.
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Diferente é uma daquelas palavras que tanto é usada num sentido positivo como negativo.
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Inovação e adaptação não são a mesma coisa, embora por vezes seja difícil perceber onde uma já começou ou onde a outra ainda não acabou.
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Dizer que gostos não se discutem é como dizer que preconceitos não se discutem.
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Os nossos mais terríveis preconceitos culturais são aqueles que não conseguimos ver.
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Numa coisa, ao menos, o PNR tem talvez razão. Se existem partidos comunistas, porque não existirem partidos fascistas?
O comunismo cometeu crimes. O fascismo cometeu crimes. O capitalismo também tem direito ao seu livro negro. Felizmente não existem partidos capitalistas.
Com isto tudo, nem se percebe como é possível continuar a permitir a existência do catolicismo, só para dar um exemplo.
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As pessoas que votam no PNR estão a dar um sinal claro ao país: preferem criminosos brancos.
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A questão não é saber se o PNR é ou não um partido fascista. O PNR é um partido fascista. A questão é saber se a constituição deve ou não permitir a existência de partidos fascistas?
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Parece que lá pelo Brasil, por cá não dei por nada, em jornais e coisas parecidas, que por lá deve haver mais do que por cá, se fala de um suposto elogio que o Papa terá feito de Karl Marx num inacabado livro sobre Jesus, que o teólogo tem vindo a elaborar, e do qual, a parte da obra já realizada vai ser publicada este mês. Não é propriamente um elogio, senão o reconhecimento do valor do trabalho crítico e intelectual do filósofo alemão. Como já alguém disse deste Papa: ele é imensamente contraditório. Sendo essa apenas mais uma das razões que me leva, por vezes, a simpatizar com ele. Ora cai o Carmo e a Trindade, na cabeça de alguns beatos do capitalismo, pelo suposto elogio a Marx, pai do comunismo, e logo responsável por todos os crimes que em seu nome se cometeram. Na cabeça destes beatos também as críticas radicais que o Papa faz ao colonialismo e à destruição de culturas (no sentido antropológico do termo, portanto incluindo aí economia, religião, relações sociais e tudo aquilo que transforma um punhado de homens e mulheres em mundo organizado), não são aceitáveis porque o Papa se esqueceu do terrível papel da Igreja neste processo, e, se o não esqueceu, o que tinha era de pedir desculpa, à boa maneira do seu antecessor, e não atirar pedras, uma vez que tem telhados de vidro. Partindo aqui do pressuposto que criticar é atirar pedras e que há alguém que não tenha telhados de vidro.
Vamos a um exemplo. A declaração infeliz que o Papa fez sobre o Islão, é uma declaração conservadora ou progressista? Eu acho que é progressista. E pouco importa aqui que o Papa pudesse ter dito o mesmo do catolicismo e não o tenha dito. O facto da afirmação ser verdadeira para as duas religiões não impede que o seja para cada uma delas individualmente, e logo, o que o Papa disse do Islão é verdadeiro, embora possa ser apenas uma verdade parcial. Em nome de Deus, ou desta ou daquela religião, perseguiu-se, torturou-se e matou-se, segue-se, dizem os novos beatos, que tudo está errado nessas religiões ou nessas doutrinas. Para se protegerem da crítica, e para esconderem o seu próprio veneno, os novos beatos, decidem fazer aquilo que sempre fizeram, atirar fora o bebé juntamente com a água suja do banho, mas sabemos que o que desejam realmente é atirar fora o bebé e ficar com a água suja, mudando-lhe o nome e o sentido, mas mantendo o essencial, desde que sejam eles a controlar a distribuição colectiva do lixo.
Os católicos que conheço gostam muito uns dos outros e do seu catolicismo, mas não acham muita piada a padres e companhia, incluindo muitas vezes nessa companhia o próprio Papa, que normalmente quase parece um seu ódio de estimação, ódio dissimulado é certo, que os católicos que conheço, são mais ou menos especializados na arte da dissimulação nestes assuntos. Eu penso ou sinto mais ou menos ao contrário. Não tendo grande simpatia pelo catolicismo, os católicos que conheço ajudam-me ainda a ter menos, mas não desgosto de alguma inteligência que por vezes nesse obscuro mundo também se vislumbra, e tenho alguma simpatia intelectual, discordâncias à parte, com este Papa. Certamente o prefiro ao popular e beato, ainda não é, mas está para breve, João Paulo II.
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O capitalismo atrai porque parece um jogo. E a inteligência média não ultrapassa os limites do jogo.
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Os ricos enriquecem e os pobres empobrecem. Até porque os pobres dão menos importância ao dinheiro.
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A ideia de que o sexo está ligado à violência é tão errónea como a ideia de que o sexo está ligado à ternura e ao amor. O sexo não está ligado a nada porque o sexo não possui existência autónoma. Não é separável de nós. É a nossa imaginação, ou melhor, o pensamento que nos leva a pensar que sim. Somos nós que estamos ligados à violência e à ternura e ao amor.
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A ética foi lentamente banida e substituída pela estética. As coisas deixaram de ser importantes e tornaram-se apenas interessantes. O bem e o mal tornaram-se relativos e os sistemas de codificação passaram para o belo e o não belo, o que fica ou não bem, o que passa ou não passa. O pensamento comunicacional substituiu o pensamento moral. Na moral o agente está substancialmente implicado, na comunicação está apenas subjectivamente. Tudo é relativo no mundo da estética. E inócuo. Tudo é permitido desde que seja aceite por maiorias mais ou menos silenciosas, mais ou menos anónimas. No mundo da estética tudo é leve e suave. No da ética tudo é pesado. A ética é um esforço de ligar pensamento e acção, a estética pretende a sua separação. No mundo da ética Deus salva Isaac. No mundo da estética Isaac mata Abraão.
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Afinal, este não é um país de doutores. É um país de engenheiros. E como diria o outro, nós precisamos é de electricistas. Talvez não fosse mau ter um em primeiro-ministro. Só para variar.
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Não percebo todo este alarido em relação à licenciatura de José Sócrates. Afinal, o George W. Bush também não tem um grau acadécimo? (A propósito, o homem é coiso em quê?) E não é por isso que deixa de ser um excelente presidente dos Estados Unidos da América.
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O mundo mudou muito. Definitivamente, o mundo mudou muito. Mas a maioria das cabeças nem se aperceberam dessa mudança. O mundo não mudou nada. Não mudou praticamente nada. As nossas cabeças é que tinham mudado. Demasiado.
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Ele precisava tanto de escrever como de apagar o que escrevia. (Pedro Paixão)
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